"Tenta te orientar pelo calendário das flores, esquece por um momento os números, a semana, o dia do teu nascimento. Se conseguires ser leve, aproveite, enche tuas malas de sonho e toma carona no vento."

Fernando Campanella

sábado, maio 31

Os brancos são loucos-Jung




















Na época de sua viagem ao Novo México, para ver os índios pueblos, um dia Jung teve uma conversa com um de seus chefes, Ochwiay Biano (Lago da Montanha), que lhe permitiu compreender algumas coisas. Os dois estavam sentados no alto terraço que cobria a casa do índio, e olhavam o Sol brilhante subir lentamente no céu. Após um longo silêncio, Lago da Montanha tirou seu cachimbo da boca, olhou Jung no fundo dos olhos e, abanando a cabeça, lhe disse:

-Os brancos são cruéis.Veja como os brancos têm um ar cruel. Seus lábios são finos, seus narizes pontiagudos, suas faces lavradas de rugas. Seus olhos são fixos: têm sempre o ar de estar procurando alguma coisa. O que eles procuram? Os brancos estão sempre insatisfeitos, agitados. Nós não sabemos o que eles querem. Não os compreendemos. Nós pensamos que eles são loucos.

- Os brancos são loucos? Perguntou Jung. Mas por que?

- Eles dizem que pensam com suas cabeças, respondeu Lago da Montanha.

- Mas naturalmente, respondeu Jung surpreso. Com o que pensam os índios?

- Nós pensamos aqui, disse Lago da Montanha, mostrando o coração.

Jung foi atingido por outra resposta. Afinal, saber meditar, saber se calar, saber se fundir com a natureza, tudo isto também permite ao homem enriquecer. Certamente, o índio não era menos rico que aquele homem de negócios que havia sido bem sucedido em sua vida material e acreditava ter vencido o mundo, mas que não possuía vida.

Citado em Planeta, da obra “MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES”, de Carl Gustav Jung