"Tenta te orientar pelo calendário das flores, esquece por um momento os números, a semana, o dia do teu nascimento. Se conseguires ser leve, aproveite, enche tuas malas de sonho e toma carona no vento."

Fernando Campanella

terça-feira, dezembro 23

Consumo consciente














Campanha para incentivar uso de sacola retornável
Prática de dispensar embalagens de plástico em supermercados ainda é exceção entre consumidores



Elas ainda são minoria. Chegam ao supermercado ou à feira carregando suas sacolas, geralmente de lona ou fibra, e dispensam sacos plásticos para levar as compras para casa. Uma atitude ecologicamente correta, comum em países como França e Alemanha, já que uma sacola plástica demora até 450 anos para se desintegrar.

A bióloga Carla Conde é pioneira. Começou a usar a própria bolsa de compras há 16 anos, ainda no rastro da onda verde que invadiu o Rio com a ECO-92. Naquela época, usava às vezes a sacola de pano. Mas há oito anos radicalizou. Sacolas de plástico nem pensar. No início, os outros clientes no supermercado estranhavam. Aos poucos, mudaram. "Hoje em dia já acham normal. Usar sua própria sacola virou fashion", diz Carla.


A campanha ensinará atitudes simples. "No lugar de levar quatro sacolas de plástico em cada compra, podemos levar nossas bolsas retornáveis ao supermercado e usar apenas uma plástica. O importante é reduzir o consumo", diz.

O ministério não cogita propor soluções drásticas como a que o governo da China tomou. Com o aquecimento da economia, os chineses aumentaram muito o consumo, inclusive das embalagens plásticas. Em um único dia, os chineses gastavam 3 bilhões de sacolas. O impacto no ambiente foi tão forte que, em junho de 2007, o governo proibiu o uso delas em supermercados. Vetou também sacos para embalar frutas e verduras. A medida fez com que os chineses voltassem a usar bolsas de pano e cestas de vime.


Márcia Vieira

sábado, dezembro 6

Educação Ambiental




















Feliz de estar por aqui...
Após um semestre exaustivo, porém produtivo, estou aqui para postar sobre um assunto de grande relevância no atual momento.
Precisei desenvolver uma temática investigativa para compor meu relatório de estágio I para o curso de Pedagogia que venho realizando na Ulbra. Adivinhe, qual o tema que escolhi, é claro que foi sobre Educação Ambiental, direcionado para o contexto escolar, ainda fiz um link com a Educação Cósmica de Maria Montessori.
Dentro desse enfoque, fiz várias reflexões sobre as práticas ambientais dentro do entorno escolar, necessário lembrar que elas devem estar inseridas em diversos momentos da rotina escolar e não estanques, pontuais, ou somente em datas comemorativas como em algumas escolas vem acontecendo.
Sabemos da resistência e da grande dificuldade que alguns educadores apresentam, quanto à inserção da Educação Ambiental em suas práticas educacionais.
Talvez isso se dê pela falta de referencia, alguns diretores também não denotam interesse no assunto, falta de informação,...muitos acreditam que precisa ser um biólogo, agrônomo, engenheiro florestal ou ambiental para falar em Educação Ambiental, nada disso, até porque a Educação Ambiental vai muito além de cuidar da plantas, árvores, da poluição, do lixo, etc. a Educação Ambiental envolve, também, o trabalho e o estudo sobre as diferentes formas de convívio social, as culturas diferentes, enfim toda a diversidade existente no planeta. De nada adianta trabalhar o respeito ao ambiente se não há o respeito, o amor pelas pessoas entre si. Lembrar sempre da interdepência entre tudo e todos.
Frente a isso, é interessante despertar o interesse das crianças desde a mais tenra idade sobre o assunto, em cima dessa curiosidade infantil é que vamos buscar uma aprendizagem real e significativa, desenvolvendo assim a nossa ecologia pessoal, social e tendo como produto final a ecologia planetária.

Bj, sustentáveis
Val

domingo, novembro 2

Gaiolas e asas...







Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo “atacados“ porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas“
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que seja feito, dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e a domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres... Sentir alegria ao sair da casa para ir para escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres.
Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras, enfiava o bico entre nos vãos, na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensanguetado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas?
Falarão-me sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, é preciso que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas, eu pergunto: Nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõe sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E para se testar a qualidade da educação se criam mecanismos, provas, avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é “dígrafo“? E os usos da partícula “se“? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante“? Qual a utilidade da palavra “mesóclise“? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: “fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender – e aprender à sua maneira...“
O sujeito da educação é o corpo porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era “ferramenta“ e “brinquedo“ do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender “ferramentas“, aprender “brinquedos“. “Ferramentas“ são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia a dia. “Brinquedos“ são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma. No momento em que escrevo estou ouvindo o coral da 9ª sinfonia. Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha alma de felicidade. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo educação.
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: “Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?“ Se não for é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos.
Há esperança...
Rubem Alves
(Folha de S. Paulo, Tendências e debates, 05/12/2001.)

segunda-feira, outubro 13

Ícone da Paz

MAIS UM GRANDE BEIJA-FLOR ALÇA VÔO RUMO À LIBERDADE CÓSMICA!



Para todos nós que somos aprendizes da arte de viver e que de uma maneira ou de outra tecemos um movimento pela paz, estamos vibrando na unidade e no silêncio com a passagem do nosso querido Pierre Weil, um dos fundadores da Unipaz.
Pierre Weil tinha consciência da força que todos guardamos em nós. Ele foi um arauto dessa leitura de um ser humano sem idéias bélicas, belo, fraterno, solidário e ético.

"Ele saiu suave, como o azul de seu olhar...

Ele saiu discreto e simples, como seu jeito de não gostar de elogios...

Ele saiu consciente do eterno agora, sereno e alegre...

Ele compreendeu o sentido dessa mudança, querendo até nestes últimos momentos, partilhar com outros, seus lúcidos ensinamentos sistematizados na proposta A Arte de Viver a Vida...

Ele simplesmente permitiu que o sopro encontrasse outra forma de expressão...

Agora este lindo beija-flor está voando leve sobre outros canteiros...

Cabe a nós dignificar o que aprendemos... e que nossas lágrimas e a nossa saudade reguem e adubem ainda mais os canteiros, que na condição de aprendizes de beija-flores, ainda temos que cultivar ..."

Paz e Luz
Val

quarta-feira, setembro 10

Abordagens sobre Visão Holística, Concepção Sistêmica e Interdisciplinaridade: Conceitos e Inter-Relações

Por Paccelli José Maracci Zahler

Para entender a “concepção sistêmica” é necessário entender o que é um “sistema”.

Um “sistema” se constitui na “interação de um conjunto de processos (ou seja, um conjunto de elementos) que, combinados, geram algum tipo de função ou funcionamento” SENAC (2006).

Segundo VON BERTALANFFY (1977), a análise dos sistemas trata a organização como um sistema de variáveis mutuamente dependentes. Assim, pode-se chegar ao conceito de “sistemas vivos”, que incluem organismos individuais e suas partes, sistemas sociais (famílias e comunidades) e ecossistemas (SENAC, 2006).

De acordo com CAPRA (1996), a ciência cartesiana acreditava que, em qualquer sistema complexo, o comportamento do todo podia ser analisado pelas propriedades de suas partes. Em contraposição, a ciência sistêmica mostra que os sistemas vivos não podem ser compreendidos por meio da análise, ou seja, as propriedades das partes não são propriedades intrínsecas e só podem ser entendidas dentro do conceito do todo. Assim, o pensamento ou concepção sistêmica procura explicar as coisas considerando o seu meio ambiente e, nas palavras daquele autor, “todo pensamento sistêmico é pensamento ambientalista”.

Por ser uma ciência integradora, a Ecologia oferece subsídios para que a sociedade possa compreender as questões ambientais. Dessa maneira, ela passou a abordar a relação homem-natureza como algo uno, rompendo o paradigma do homem separado da natureza.
Essa visão do todo e de suas interações é chamada de “visão holística”.

BOFF (1993) defende que a Ecologia exige uma visão da totalidade, chamada “holismo” ou “visão holística”. Segundo ele, “holismo” vem do grego “holos”, que significa “totalidade”, termo divulgado pelo filósofo sul-africano Jan Smutts, a partir de 1926.

Verifica-se que, para se chegar à “visão holística” é necessário uma compreensão “sistêmica” e esta, por sua vez, vai necessitar de conhecimentos de diversas áreas do saber humano, seja pela “multidisciplinaridade” ou pela “interdisciplinaridade”.

No estudo multidisciplinar, várias áreas do conhecimento humano discorrem sobre determinado tema de forma independente, sem troca de idéias.

No estudo interdisciplinar, cada área do conhecimento vai discutir uma determinada questão, em conjunto, para solucioná-la ou para contribuir para um melhor entendimento.

O estudo interdisciplinar parece ser a abordagem mais apropriada para a ciência da Ecologia, por permitir uma melhor compreensão dos sistemas (concepção sistêmica) pela identificação e interpretação dos seus elementos, possibilitando uma “visão holística” e, conseqüentemente, a proposição de soluções para os problemas ambientais da atualidade.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOFF, Leonardo. Ecologia:um novo paradigma. In: Ecologia, mundialização e espiritualização. São Paulo: Editora Ática, 1993.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 1996.
SENAC. Princípios de ecologia e conservação da natureza. Bloco temático II. E-book do Curso de Educação Ambiental, Brasília, Distrito Federal, 2006.
VON BERTALANFFY, Ludwig. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977.

sábado, agosto 23

A invenção da infância


A invenção da infância- Liliana Sulzbach
Um curta metragem de grande valia para nós que buscamos uma perspectiva de maior humanização com nossas crianças.
Nos leva a uma boa reflexão sobre o que é ser criança no mundo atual e faz bem o recorte em cima “Das esquecidas às estressadas, das mimadas às exploradas, todas as nuances das crianças do Brasil.”

Vale a pena conferir!!!



"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade." (Karl Mannheim)

sexta-feira, julho 25

"Só de sacanagem" by Elisa Lucinda

Maravilhoso texto, de Elisa Lucinda,deve ser divulgado em homenagem à todos aqueles que ainda têm a capacidade de indignação!
E “ SÓ DE SACANAGEM”, vou também continuar honesta!!
Abraços, Val












Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!
Elisa Lucinda

terça-feira, julho 22

Educação ambiental

Recebi o boletim da Revista Sustentabilidade, nele um artigo que com certeza, serve para nós educadores que queremos sair da mesmice de currículos engessados norteados por princípios e valores que se apresentam como verdades estabelecidas e imutáveis!!!
Um bj, Val


De professor para professor: o desafio da transversalidade da educação ambiental
por Dayane Cunha 21/07/2008


O olhar do professor é um olhar qualificado que busca sempre a transmissão de informações e valores. Este é o cerne de todo planejamento educacional. Já o jornalista especializa-se na transmissão de informação, não sempre desprovida de valores ou ideologias.
O encontro destas duas profissões, portanto, abre um grande potencial, pois as técnicas são diferentes. E já que antes de entrar para o jornalismo fui professora, o antigo ofício me ajudou numa entrevista com uma educadora ambiental para a Revista Sustentabilidade.
Assim, entendendo as motivações e os desafios do professor, percebo que trabalhar a educação ambiental nas escolas é muito mais que pintar desenhos em comemoração ao dia da árvore, plantar um feijão num copo descartável ou fazer um brinquedo de sucata. Para a professora Bere Gehlen Adams, educação ambiental deve ser encarada como um elo entre todas as disciplinas para preencher uma lacuna e valorizar o meio ambiente, e portanto, a vida.
Esta colocação trouxe à tona minha experiência como professora, quando tentei trabalhar o tema com meus alunos de educação infantil.
As conversas duraram duas semanas, pois tentávamos, a cada troca de e-mail, destrinchar como funcionaria uma programação e como um professor pode começar a desenvolver o tema de educação ambiental em sua aula de aula.

Leia abaixo os principais trechos da conversa.

Revista Sustentabilidade: Conte um pouquinho da sua rotina diária e a rotina de um professor ambiental.




Professora na hora do conto-fonte Revista Sustentabilidade-


Bere Gehlen Adams: Normalmente, pela manhã, acesso o site para ler os recados que são minha fonte de inspiração para prosseguir nesta jornada, que às vezes é um tanto árduo pelas dificuldades em conseguir verbas e parcerias. Para minha rotina, que é um tanto flexível, tenho um cronograma e estabeleço metas de acordo com este cronograma. Nas semanas anteriores, por exemplo, trabalhei intensamente na ampliação de uma coleção infantil voltada para crianças, desde o texto, ilustrações, atividades, editoração até a formatação; na atualização do site do Projeto, na programação da revista eletrônica que está em sua 24ª edição (www.revistaea.org). Então, divido meu tempo entre atividades com a editora e com o projeto.

Revista Sustentabilidade: Como introduzir educação ambiental na educação formal? Virar disciplina obrigatória seria a solução?

Adams: A lei 9795 que institui a educação ambiental no Brasil é clara e coerente com os princípios da educação ambiental delimitados por diferentes coletivos através de conferências internacionais como a Conferência de Tbilisi, a de Belgrado, a Eco-92, que prioriza sua prática como interdisciplinar e orienta a sua inclusão em todas as séries do ensino formal, portanto, desde a educação infantil ao ensino superior.

Revista Sustentabilidade: A interdisciplinaridade tem funcionado?

Adams: Infelizmente esta prática ainda não é efetivada, e muitas escolas optam por engessar a educação ambiental em uma disciplina separada, quando ela deveria estar em todas. Essa questão é muito debatida entre educadores ambientais. Muitos são a favor da criação da disciplina, pois desta forma ela acontece com um professor responsável, uma grade de temática a ser seguida - os famosos conteúdos curriculares - . Na forma interdisciplinar a educação corre o risco de não se efetivar, pois como é de responsabilidade de todos, é de responsabilidade de ninguém ao mesmo tempo.

Revista Sustentabilidade: Por que esta confusão?

Adams: Por desconhecimento dos princípios da educação ambiental contidos nos principais documentos referência que são: O Tratado de Educação Ambiental para Sociedade Sustentavel e Responsabilidade Global, a Carta da Terra e a Lei 9795, entre outros. É preciso promover a capacitação dos profissionais da educação para que tenham suporte teórico, didático e metodológico para a inclusão da educação ambiental na educação formal. [Os educadores] só não praticam a educação ambiental porque sentem falta de referências e de orientação.

Revista Sustentabilidade: Como deve ser o preparo dos professores em educação ambiental?

Adams: Os professores devem participar de atividades que os sensibilizem para a necessidade de uma mudança de postura em relação aos nossos costumes e hábitos e devem ter conhecimento dos documentos que citei anteriormente. Por isto a educação ambiental não é uma tarefa fácil, pois todo educador deverá mudar, passando a enxergar o mundo de forma diferente, e este é o maior desafio que a educação ambiental tem pela frente. Neste sentido a revista eletrônica Educação Ambiental em Ação, do Projeto Apoema, dá um enorme contribuição aos educadores. Também almejamos futuramente fazer uma versão impressa da revista, para alcançar pessoas que são excluídas do universo digital.

Revista Sustentabilidade: Quais os temas que devem ser tratados em educação ambiental? Como trabalhar a interdisciplinaridade? Pode citar um exemplo?

Adams: Depois de conhecidos os princípios e as bases da educação ambiental, sugiro para o professor da educação Infantil ou das séries iniciais do ensino fundamental que faça uma atividade exploratória com as crianças para descobrir o que mais desperta a curiosidade e o interesse delas sobre as questões ambientais. Pode ser através de brincadeiras com imagens, listagens de palavras, alguma história infantil, vai depender da criatividade do docente. Depois de descobrir a temática de interesse, sugiro elaborar um projeto propondo atividades variadas, explorando ao máximo o tema.

Revista Sustentabilidade: Cite alguns exemplos.

Adams: Por exemplo, se o tema for animais, o professor poderá planejar atividades envolvendo animais do bairro, animais de estimação, animais em extinção, animais grandes e pequenos, necessidades dos animais, importância dos animais para o ambiente, necessidades físicas dos animais, cuidado com os animais, classificação dos animais e por aí vai.
É importante abordar as temáticas e desenvolver projetos associando à quatro enfoques: ambiente (A relação do ambiente com a temática abordada e vice-versa), ecologia (as inter-relações que a temática envolve e necessidades vitais), preservação (relação da temática com a preservação) e reciclagem (relação da temática envolve reciclagem) procurando associar as temáticas de interesse que estão sendo trabalhadas a estes enfoques que possibilitarão uma série de associações dos processos de aprendizagem.
Estas atividades podem envolver todas as disciplinas e assim a educação ambiental vai sendo implantada aos poucos, de forma interdisciplinar. O professor atento perceberá o momento em que o assunto estiver esgotando a curiosidade das crianças, que indicarão interesse por outra questão, por exemplo, árvores, ou brinquedos. Aí ele poderá seguir o mesmo processo anterior.

Revista Sustentabilidade: E professores do Ciclo II do ensino fundamental e de ensino médio?

Adams: Se for um professor de disciplina específica, sugiro que estude a sua grade de conteúdos e veja onde poderá inserir os enfoques ambientais. Em português, por exemplo, as atividades podem ser relacionados ao meio ambiente: criar poemas, elaborar redações, criar histórias que remetam a importância do cuidado, da preservação.
Ou em geografia, o professor pode explorar as temáticas ambientais de distintas regiões, trabalhar ambiente natural e ambiente construído, enfatizando que tudo é meio ambiente, e não somente a natureza,. Além disso, é possível trazer assuntos como o estado dos rios do Brasil ou da cidade, a vegetação, a fauna, a flora, etc. E assim para as demais disciplinas.
Sempre digo que a educação ambiental funciona como um óculos, pois o nosso atual sistema de educação está míope, e a educação ambiental vem para corrigir essa distorção de ótica. Passamos a enxergar mais a vida em seu amplo contexto de relações através das lentes da educação ambiental.

Revista Sustentabilidade: Quando se fala em meio ambiente, as pessoas pensam em florestas, longe do ambiente em que vivem. Como mudar esta visão e mostrar que educação ambiental é educar para melhorar o ambiente em que se vive?

Adams: Trabalhar com a educação ambiental é trabalhar com o contraditório, e por isto é tão difícil de compreendê-la na sua prática. Mas é bem mais simples do que parece. Para tirar essa noção de que meio ambiente é algo fora de nós, ou simplesmente uma paisagem natural, com rios límpidos e florestas verdejantes, é importante desenvolver atividades com as crianças em espaços diversos, jardins, parques, museus, até shopping centers, se fizer parte da realidade das crianças, e utilizar estes espaços como Estruturas Educadoras.
Há uma linha teórica sobre este assunto, que aborda a educação ambiental numa simples volta na quadra da escola, ou mesmo dentro das dependências do ambiente educacional, pois tudo é ambiente, com a diferença que pode ser natural ou construído, e, em sendo construído, foi construído com elementos do ambiente.

Revista Sustentabilidade: Como assim?

Adams: Podemos exemplificar com uma escada de pedra que tenha um corrimão de madeira. Nossa! Dá para trabalhar muitas coisas, como: de onde vem aquelas pedras e aquela madeira? Quem as transformou? Aí entra o pedreiro e o marceneiro, [representando as] profissões. E quantos degraus tem essa escada? Quantas pedras tem nessa escada, que podemos contar? Aí entra matemática. E assim como a escada serviu como estrutura educadora, assim também temos inúmeros outros espaços que podem ser explorados incluindo sempre o enfoque ambiental. E outra coisa importante a salientar é que o professor não precisa ser biólogo, cientista, agrônomo, ele não precisa saber tudo sobre meio ambiente, pois vai aprender junto com seus alunos.

Revista Sustentabilidade: Qual seu conselho para o professor que deseja trabalhar com educação ambiental?

Adams: Um professor curioso e interessado também é fundamental para todo processo de aprendizagem. E é desta forma, educando diferente, inclusive conversando sobre as contrariedades que vivenciamos como a questão da separação do lixo e da falta da coleta seletiva.
É importante saber primeiro o que eu posso fazer para melhorar o meu relacionamento com o meio ambiente, pois esta mudança deve ser espontânea, e não deve ocorrer pela crítica ou pelo dedo apontado aos outros que ainda não se sensibilizaram para a importância de cuidar do meio ambiente.
É desta forma que os educadores podem oferecer para as crianças uma nova visão de mundo, lembrando que para nós adultos, é bem mais difícil, porque temos que primeiro desaprender tudo o que aprendemos, para reaprender a ler o mundo de forma interdisciplinar. Só então perceberemos que tudo está relacionado entre si, e que dependemos uns dos outros para viver.

segunda-feira, julho 14

Toda Mafalda

"Toda Mafalda
Quadrinhos críticos, charmosos e engraçados"




"Mafalda é um dos personagens mais ricos e interessantes das histórias em quadrinhos. Desconhecida da atual geração de leitores, essa menininha argentina e toda a sua turma foram criadas, nos anos 1960, por Quino, quadrinista portenho famoso em todo o mundo. O contexto em que foi criada explica, em parte, uma das peculiaridades dessa impressionante coleção de tiras publicadas em jornais e que foram editadas em vários livros, inclusive numa coletânea conhecida como “Toda Mafalda”.

Filhos da contracultura, de uma época de rebeldia e crítica, de busca incessante pela autonomia e também de posicionamentos políticos idealistas em favor de alternativas viáveis ao capitalismo, Mafalda e os demais personagens de Quino carregam em suas histórias todo o inconformismo daquela geração de pessoas.

Se não bastasse isso, toda a turma da Mafalda nasceu na Argentina, país vizinho em relação ao qual cultivamos certas rivalidades, mas que certamente possui uma população culturalmente bem formada, politicamente engajada e, além do mais, esclarecida o suficiente para sempre manifestar suas insatisfações, seus sonhos e seus objetivos.

Percebemos isso, por exemplo, quando Mafalda se debruça sobre o mapa do mundo, visualiza os países, nota a diferença de cores utilizadas para representar cada uma das nações e o seu comportamento não é o de aceitar passivamente a informação que lhe é apresentada. Ela percebe as tonalidades, a beleza das cores e também é capaz de manifestar a sua indignação por saber que todo o colorido do mapa nada tem a ver com as intenções dos países.










Suas histórias curtas são tão surpreendentes e precoces em certas temáticas e idéias que quando observamos atentamente as tiras conseguimos notar preocupações como a questão ambiental. Num de seus quadrinhos a menina encontra o pai e lhe pergunta sobre as pilhas para o rádio da família. Depois de pegar as pilhas ela se encaminha para o aparelho, substitui as velhas por novas baterias e depois contempla o resíduo de sua substituição de forma pensativa. Ao final conclui: “O que devemos fazer com o cadáver da outra?”.

É basicamente o que nos perguntamos atualmente quanto ao lixo produzido em nossas cidades. Quantidades cada vez maiores de plásticos, vidros, madeiras, metais, restos de alimentos e tantos outros entulhos são depositados diariamente na porta de nossas casas, em latas de lixo ou caixas. Para onde vai tudo isso? O que é feito do lixo? Não daria para criar programas de reciclagem em larga escala? Não contaminamos o solo ao enterrar todo esse material jogado fora?

As frustrações do cotidiano também surgem como temática presente nas tiras de Quino e demonstram as nossas insatisfações e decepções a nos colocar em situações de stress e desgaste que poderiam ser contornados ou superados se fôssemos apenas um pouco mais pacientes e/ou compreensivos. É também uma antecipação de um dos grandes males que vivemos desde as duas últimas décadas do século XX, ou seja, a submissão à velocidade em nossas vidas a provocar doenças e psicoses muitas vezes incuráveis.

Mafalda pensa consigo mesma que “Parece que hoje é um desses dias em que a gente entra na vida pela porta dos fundos” ao perceber que pelas ruas há pessoas mendigando, agitação e brigas no trânsito, nervosismo e palavrões nas atitudes e falas dos cidadãos ao final de um simples passeio feito por ela pelas ruas de sua cidade.




Como dizem os profetas do apocalipse, de boas intenções o inferno já está cheio. Não basta simplesmente pensar ou falar de forma a proferir os melhores princípios e a ética sonhada pela sociedade, é necessário agir nesse sentido, realizar transformações que efetivem uma prática mais solidária, responsável, respeitável e digna. Mafalda apenas expressa através de seus quadrinhos que devemos repensar o mundo, o cotidiano e as relações que aqui estabelecemos...

Temas polêmicos, como o racismo, constituem assuntos recorrentes nos encontros da turminha de crianças argentinas criadas por Quino. Numa conversa com Susanita a respeito da gravidez de sua mãe, Mafalda é identificada como defensora dos direitos civis e da igualdade social por sua amiga e, depois é inquirida sobre a possibilidade de ter um irmãozinho negro.

Os comentários de Susanita são sempre pueris e no sentido desse nascimento como sendo uma expressão democrática. Mafalda apenas escuta enquanto seu pai espreita o bate-papo das duas meninas. Depois da afirmação da possibilidade de ter um filho negrinho aparece Susanita com um cesto de lixo na cabeça a afirmar: “Puxa, mas o que foi que deu no seu pai?”.

A inocência da infância se contrapõe a uma discussão que gera grande debate ainda hoje. A amiga de Mafalda, desconhecedora dos caminhos da fecundação e os laços de intimidade relacionados a tal encontro nem imagina que tenha ofendido a honra do pai de Mafalda. Susanita apenas pensava estar levantando uma hipótese válida e interessante no sentido da tolerância e respeito a diversidade étnica...




Até mesmo a escola é fruto da reflexão da esperta e atenta niña portenha. Numa de suas aulas, ao ser chamada à frente para conjugar o verbo confiar no tempo presente, Mafalda se mostra preparada e realiza a tarefa totalmente de acordo com o que se espera. Enquanto isso a professora, sentada em sua cadeira, tendo ao fundo a lousa, presta atenção ao desempenho de sua aluna. Quando termina o exercício, Mafalda se volta para a professora e a surpreende com a afirmação: “Como somos ingênuos, não?”.

Tanta confiança por parte de todos os mencionados em sua tarefa despertou uma reação de perplexidade e até de indignação em Mafalda. Por que confiamos tanto? Temos motivos para agir dessa forma? Somos respeitados plenamente em nossos direitos? Como podemos explicar as desigualdades? De que forma podemos justificar a pobreza e as exclusões? Essas são apenas algumas das perguntas que poderiam estar passando pela cabeça da personagem na alusão criada por Quino...

E as nossas crianças? E os nossos alunos? Possuem senso crítico? Buscam maior esclarecimento? Questionam o mundo em que vivem? Ou são apenas acomodados e alienados a cumprir as horas que lhes foram concedidas pela graça divina?

E se ampliarmos a pergunta e questionarmos a escola e não apenas os estudantes sobre a necessidade de maior participação, posicionamento político e criticidade? Será que os professores estão fazendo a sua parte ou apenas batem o cartão de ponto, dão aulas que pouco ou nada acrescentam e apenas esperam o pagamento no final do mês? O que estamos fazendo em sala de aula é representativo para nossos alunos e para a sociedade?

Apesar de todos esses temas e muitos outros que instigam e provocam os leitores a pensar e repensar o mundo em que vivem, as tiras de Mafalda são também pródigas em ternura e carinho tanto no âmbito familiar quanto entre os amigos. Em nosso atual contexto de vida, em que as pessoas pouco se doam ou fazem em prol do próximo, são também importantes essas lições extraídas do contexto familiar e de amizades da personagem.




Numa de minhas tiras preferidas a pequena Mafalda levanta-se de sua cama e vai ao banheiro atrás de seu pai que está fazendo a barba. Ao encontrá-lo, a menina lhe deseja um bom dia e o felicita por sua juventude e beleza dando-lhe um caloroso beijo no rosto ainda não barbeado. Surpreso e maravilhado com o gesto da filha, o pai aparece num outro quadrinho, no ônibus, ao lado de um atônito passageiro, com o lado do rosto em que foi beijado pela filha sem barbear enquanto o resto de sua face está limpa...

Aparente brincadeira de criança, a leitura de histórias em quadrinhos pode muito bem nos levar a sérias e importantes reflexões sobre o mundo em que vivemos. O mais interessante em tudo isso é que ao mesmo tempo em que aprendemos e nos conscientizamos podemos nos divertir e rir de nossos descaminhos e imperfeições. Há muitas situações com as quais acabamos nos identificando por parecerem demais com o que acontece em nossas próprias casas..."

João Luís Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação

Vale a pena conferir Toda Mafalda, eu já tenho a minha e você?
Uma boa semana cheia de insights!!!
Val














terça-feira, junho 24

Pró-Inclusão


É imprescindível que haja união entre as pessoas, povos, nacionalidades e culturas. Combater essas barreiras faria com que nós crescêssemos cada vez mais como seres humanos.
Acredito que esse objetivo esteja bem próximo de todos os que têm sensibilidade e conscientização de que é possível uma sociedade aberta à diversidade, pois permitir-nos a experiência desse convívio pode ser o começo dessa mudança, que não acontecerá apenas por leis e decretos, mas por profundas alterações nas representações sobre os outros a serem incluídos e de nossas próprias identidades.



Alguns filmes e livros relacionados à inclusão!!

LIVROS RELACIONADOS À INCLUSÃO

A cegueira e o saber-Affonso Romano de Sant’ Anna Nas seis primeiras crônicas, que dão título ao livro, o autor seleciona lendas, mitos e textos literários sobre o "intrigante tópico da cegueira e do (não) saber", como o Ensaio sobre a cegueira, de Saramago, Em terra de cego, conto de H. G. Wells, A carta roubada, de Poe, A nova roupa do imperador, de Andersen, entre outros, para apresentar os vários aspectos do ver e do não-ver – a cegueira como uma praga temporária, a visão arrogante que não enxerga o óbvio, o pacto social em torno do não-ver, a sabedoria que ilumina a vida interior, o desafio de ver o mundo com novos olhos.

Cadê a Síndrome de Down que estava aqui ? O gato comeu! Lucio, filho de Lurdinha, nasceu com síndrome de Down. Esta anomalia genética, a trissomia do cromossomo 21, é comumente associada à deficiência mental. Neste livro, as autoras adotam uma visão diferente. Descrevem as ações de Lurdinha procurando mostrar que pessoas com síndrome de Down podem desenvolver-se de modo muito próximo ao da normalidade. O livro emociona, propõe questionamentos, indica alternativas. Traduz indignação ante o preconceito e luta contra ele, ao mesmo tempo que traz a esperança de bani-lo pela demonstração de que a deficiência mental na síndrome de Down é socialmente construída.


Atividade Física Adptada - Editora:Aladim São dezenas de milhões de brasileiros com condições especiais de saúde, locomoção ou percepção. No entanto, poucos entre esses sequer sabem que podem se beneficiar com programas específicos de exercícios. Nesse contexto, a obra Atividade Física Adaptada – qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais chega para mostrar que a prática física, quando bem orientada, pode ser muito proveitosa para esses indivíduos.
Autora: Márcia Greguol Gorgatti e Roberto Fernandes da Costa


A Inserção da Pessoa com Deficiência no Mundo do Trabalho: o Resgate de um Direito de CidadaniaA Inserção da Pessoa com Deficiência no Mundo do Trabalho: o Resgate de um Direito de Cidadania, de autoria dos auditores fiscais do Trabalho Lucíola Rodrigues Jaime e José Carlos do Carmo, da Delegacia Regional do Trabalho no Estado de São Paulo DRT/SP, é um texto técnico da melhor qualidade, permeado dos aspectos humanos que envolvem o tema abordado. Apesar de já contarmos com várias publicações relacionadas às pessoas com deficiência, elel preenche uma lacuna, explicitando aspectos importantes da camada Lei de Cotas, que obriga as empresas a reservarem parte de seus postos de trabalho para estas pessoas O livro aborda pontos que têm sido motivo de dúvidas e interpretações equivocadas, como, por exemplo, quais empresas estão enquadradas nesta obrigatoriedade, qual o número de vagas a serem preenchidas, qual o conceito legal de pessoa com deficiência e reabilitada profissionalmente, onde encontrá-las, como age a DRT/SP nos casos de irregularidade, qual o valor da multa pelo não cumprimento da cota. Autoria: Lucíola Rodrigues Jaime e José Carlos do Carmo


A nova LDB e a Educação Especial Texto indispensável para entender a LDB. Discute de forma objetiva e abrangente a nova lei em relação à inclusão de estudantes com deficiência na escola regular. Autora: Rosita Edler Carvalho
A Revolução sexual sobre rodas – Editora O Nome da Rosa
O autor, com a intenção de diminuir o medo, a vergonha e o isolamento afetivo e sexual a que muitos deficientes físicos se condenam, esclarece neste livro as principais dúvidas sobre tratamentos, recursos e atitudes a serem mantidas para uma sexualidade livre e prazerosa depois da deficiência física. Tratando também da inclusão social, este livro ajuda o deficiente físico a resgatar a vida, a autonomia, o afeto e o erotismo esquecido.


Coleção Meu Amigo Down - Editora: WVA Em casa, na rua, na escola As histórias são narradas por um menino que não entende por que seu amigo com síndrome de down enfrenta situações tão delicadas
Autora:Cláudia Werneck

FILMES RELACIONADOS À INCLUSÃO

Crianças Invisíveis
Uma série de curtas mostrando a dificuldade das crianças em sobreviver ao enfrentar a realidade das ruas.Seja coletando sucata nas ruas de São Paulo ou roubando para viver em Nápoles e no interior da Sérvia, os filmes são protagonizados por personagens infantis que lidam com uma dura realidade, na qual crescer muito cedo acaba sendo a única saída.
Janela da Alma
Dezenove pessoas com deficiência visual contam como se vêem, como vêem os outros e como se relacionam com o mundo

King Gimp
Vencedor do Oscar, esse documentário retrata a vida de uma pessoa com paralisia cerebral.

LIBERDADE PARA AS BORBOLETAS Jovem músico cego decide morar sozinho, longe da mãe superprotetora. Aluga apartamento em São Francisco e envolve-se com uma vizinha, atriz. A mãe do rapaz e as exigências da profissão da moça são dois grandes obstáculos para o relacionamento deles.

Educação Inclusiva é um processo de constante aprendizagem sobre a convivência com a "diferença".

Um grande bj, Val

sexta-feira, junho 13

Sobre cativar...


"Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez a tua rosa tão importante.Hoje em dia os homens não têm tempo para mais nada. Compram tudo pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
-Mas o que é cativar? disse o Pequeno Príncipe à raposa.
-É criar laços. Então serei para ti única no mundo e tu serás para mim único no mundo.Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas."

Exupèry

sábado, maio 31

Os brancos são loucos-Jung




















Na época de sua viagem ao Novo México, para ver os índios pueblos, um dia Jung teve uma conversa com um de seus chefes, Ochwiay Biano (Lago da Montanha), que lhe permitiu compreender algumas coisas. Os dois estavam sentados no alto terraço que cobria a casa do índio, e olhavam o Sol brilhante subir lentamente no céu. Após um longo silêncio, Lago da Montanha tirou seu cachimbo da boca, olhou Jung no fundo dos olhos e, abanando a cabeça, lhe disse:

-Os brancos são cruéis.Veja como os brancos têm um ar cruel. Seus lábios são finos, seus narizes pontiagudos, suas faces lavradas de rugas. Seus olhos são fixos: têm sempre o ar de estar procurando alguma coisa. O que eles procuram? Os brancos estão sempre insatisfeitos, agitados. Nós não sabemos o que eles querem. Não os compreendemos. Nós pensamos que eles são loucos.

- Os brancos são loucos? Perguntou Jung. Mas por que?

- Eles dizem que pensam com suas cabeças, respondeu Lago da Montanha.

- Mas naturalmente, respondeu Jung surpreso. Com o que pensam os índios?

- Nós pensamos aqui, disse Lago da Montanha, mostrando o coração.

Jung foi atingido por outra resposta. Afinal, saber meditar, saber se calar, saber se fundir com a natureza, tudo isto também permite ao homem enriquecer. Certamente, o índio não era menos rico que aquele homem de negócios que havia sido bem sucedido em sua vida material e acreditava ter vencido o mundo, mas que não possuía vida.

Citado em Planeta, da obra “MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES”, de Carl Gustav Jung

quarta-feira, maio 14

Blog abandonado

Estou tão sem tempo de passar por aqui, trabalho+trabalho+trabalho e como diz o meu amigo Carlos: "to doido, to toido" e eu to doida to doida!!! Contando os dias para que chegue logo sexta-feira e eu possa sair dessa loucura...
Um bom rodeio na cidade de Camaquã me aguarda e lá estarei com meu KIT família, aproveitando as maravilhas que existem nessa festa campeira!!
Chega logo sexta-feira!

Bem, separei um texto da Martha Medeiros que logo que li pensei em postar no blog.
Como eu penso que todos os dias são nossos dias...deixo aqui minha homenagem para todas as mulheres que são mães, vale as tentantes e tb as por tabela!!
Bj













O mundo não é maternal...
(texto de Martha Medeiros)


É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.
Quando se é adolescente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo.
Mãe é bom em qualquer idade.
Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos.
O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.
Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividado por 20 anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro,
que a gente tenha boa aparência,
e estoure o cartão de crédito.
Mãe também quer que a gente
tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes
e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente.
Não consegue enxergar através.
Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento.
O mundo quer que sejamos lindos,
Sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta.
O mundo não tira nossa febre,
não penteia nosso cabelo,
não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto
mas não quer atender nossas necessidades.
O mundo, quando não concorda com a gente,
nos pune, nos rotula, nos exclui.
O mundo não tem doçura, não tem paciência,
não pára para nos ouvir.
O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada
dos nossos medos de infância,
das nossas notas no colégio,
de como foi duro arranjar o primeiro emprego.
Para o mundo, quem menos corre, voa.
Quem não se comunica se trumbica.
Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
O mundo não quer saber de indivíduos,
e sim de slogans e estatísticas...
Mãe é de outro mundo.
É emocionalmente incorreta:
exclusivista,
parcial,
metida,
brigona,
insistente,
dramática,
chega a ser até corruptível
se oferecermos em troca alguma atenção.
Mãe sofre no lugar da gente,
se preocupa com detalhes
e tenta adivinhar todas as nossas vontades,
Enquanto que o mundo propriamente dito
exige eficiência máxima,
seleciona os mais bem dotados
e cobra caro pelo seu tempo.

Mãe é de graça!!!

sábado, abril 26

22 de abril- Dia Mundial da Terra

"A teoria de Gaia - tese apresentada em 1969 pelo britânico James E. Lovelockque que afirma ser o planeta Terra um ser vivo, que sua biosfera é capaz de gerar, manter e regular as suas próprias condições de meio-ambiente, ou seja: é a vida da Terra que cria as condições para a sua própria sobrevivência, e não o contrário, como as teorias tradicionais sugerem. Com o fenômeno do aquecimento global e a crise climática no mundo, a hipótese tem ganhado credibilidade entre cientistas.

O nome Gaia é uma homenagem à deusa grega da Terra.













O Planeta Terra - é o terceiro planeta do Sistema Solar, com cerca de 4,5 bilhões de anos, 510,3 milhões de km2 de área total, com aproximadamente 97% composto por água. Em 22 de abril de 1970, foi criado o dia mundial da Terra, pelo Senador norte-americano Gaylord Nelson, no primeiro protesto americano contra a poluição. Mas foi só a partir de 1990 que outros países passaram a celebrar a data.

Terra, planeta feminino, capaz de gerar vida, movido por ciclos, influenciado pela lua… como as mulheres,.. como eu.

Eu, Lyanne - nasci a 22 de abril de 1970. Mulher, capaz de gerar vida, movida por ciclos, influenciada pela lua… agora entendo porque coisas tão simples e prosaicas me fazem tão feliz, como o cheiro de terra molhada, perceber os perfumes que o vento traz, ouvir o barulho da água correndo, o cheiro do mar, deitar na grama, observar o movimentos das árvores, ver uma flor nascer, ver o sol se por…

Será que meus filhos vão poder usufruir dessas sensações? Será que vão ter água para beber, ar puro para respirar, alimentos saudáveis para comer?

Tantas são as campanhas de conscientização para que se preserve o meio ambiente, os recursos naturais, a vida… mas quando será que o ser humano, que se diz racional, vai perceber isso?"
*Escrito por Viajante Consciente*

Linda esta postagem!!
É isso aí precisamos trabalhar nossas atitudes do dia-a-dia, agir localmente e pensar globalmente, tudo pela sustentabilidade do nosso planeta.
Penso nos meus futuros netos, oxalá que eles convivam com toda biodiversidade que existe aqui na Terra!!
Vamos salvar Gaia!

sábado, abril 19

Lápis "Cor de pele" Faber-Castell

Esta é a mensagem enviada por Denise Camargo, para a Faber-Castell, fabricante, entre outros produtos, de lápis para colorir.
É bom divulgar essa afronta que a empresa está praticando em relação às práticas racistas e excludentes no que diz respeito aos negros!!!


Gostaria de contar-lhes a seguinte história: Quando meu filho ingressou na escola de educação infantil, chegou aqui em casa certo dia dizendo que queria ser "cor de pele". Gostaria de informar que somos negros. Meu marido é branco. Nosso filho, mestiço. Não conseguimos entender o desejo dele, pois ele já era cor de pele - foi o que respondi. "Filho, você é cor de pele. Cor de pele negra".
Esse tema rondou a casa por semanas até que um dia fui à escola descobrir o que estava havendo. E, para minha surpresa, o fato era uma mistura de incompetência para a diversidade brasileira vinda da própria professora e, muito fortemente, saída também da Faber-Castell, que tem na sua caixa de lápis de 36 cores uma cor chamada PELE. Que cor é essa? Um salmão, rosa-claro, rosinha a que o fabricante denomina PELE. Pele de quem, me pergunto? Pele branca, é claro. Não seria legítimo em um país de maioria negra que houvesse também uma cor na caixa de lápis para quem não tem pele branca? Ressalto que,sim, embora as estatísticas camuflem esse dado, o Brasil é um país de maioria negra. E posso informar bibliografia consistente sobre o assunto, se necessário.
Ou insiram uma nova cor, que contemple a pele negra, ou mudem o nome dessa, por favor. Meu filho está com sete anos agora e já faz tempo que sabe que ele é "marronzinho", como ele mesmo dizia. Mas entendeu nesse exato momento em que quis ser "cor de pele" que vocês o submeteram a um preconceito disfarçado. Camuflado em uma caixa de lápis que vemos nas propagandas cantantes, coloridas, sorridentes da marca.
O fato é que desde essa época - e faz tempo! tento por este canal, sem sucesso, um contato com a Faber-Castell. O fato é que semana passada, fazendo uma compra pude ver que a cor PELE continua na caixa de lápis fabrica por vocês. Quero uma resposta e providências em uma semana, por favor.
Porque hoje acordei cansada de ser ignorada. Aproveito para informar que, desta vez, usarei todos os recursos necessários para que minha reclamação atinja os canais destinados à ela, bem como instituições que se preocupam com a questão no Brasil.
Atenciosamente, muito atenciosamente,
Denise Camargo


E nós? Até onde contribuímos para que isso continue acontecendo...










Enfim, prefiro pensar na frase de Mandela:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
Nelson Mandela

segunda-feira, março 31

Insanidades do sistema de "saúde" "daquele país sem nome" (os EUA, segundo Trufaut).






Ainda não vi o documentário “Sicko - SOS saúde”, mas li que o provocativo Moore faz uma bela radiografia da relação perversa e lucrativa do governo e as seguradoras de planos de saúde dos EUA.
Falta de humanidade total...
E o nosso Brasil como será que vai?
Aqui temos saúde pública gratuíta...
Imagina um diretor brasileiro assim que nem o Moore. Pelo menos, tema para os seus filmes é uma coisa que não faltaria.

Vou postar aqui uma reprodução retirada da internet sobre o polêmico documentário, na pressa não salvei a fonte!!
Mas vale a pena ler o artigo!!!

"Michael Moore volta a atacar em "Sicko - $O$ Saúde"

Reprodução

Estreou no dia (07) de março, o filme “Sicko - $O$ Saúde”, o novo documentário do polêmico Michael Moore, que desta vez, com toda sua ironia e manipulação, ataca o sistema de saúde americano.

O filme pretende mostrar o quanto a assistência médica dos Estados Unidos piorou. Moore mostra a história de famílias que faliram por causa das contas dos hospitais e até de pessoas que morreram, porque tiveram seus direitos à saúde negligenciados.

Mas em meio à assustadora situação e terrível cenário que o diretor demonstra em seu longa, como já fez em outros filmes e daquele jeitinho bem parcial, ele ainda consegue arrancar risos do público.

O auge é quando Moore leva sobreviventes do 11 de setembro a Guantánamo - ilha de Cuba onde fica um presídio americano, que, apesar de todos os maus tratos, suspostamente daria aos seus detentos um tratamento médico melhor que aos americanos.

Expert em criticar o governo Bush, Moore escolhe, como tema de seus filmes, fatos que pouco são divulgados pela mídia americana. E apesar de seus estilo parcial e manipulador, ele consegue tirar o sono de muitos representantes do governo e de multinacionais americanas."


Um grande abraço, Val

sábado, março 29

Equinócio de Outono, Páscoa, Meu níver!!!














Aconteceu o Equinócio de Outono onde quem se guia pela Mãe Natureza(solstícios e equinócios)foi o início do ano novo de 2008, no dia 20 de março com a entrada do Sol em Áries.
Veio a Páscoa, meu níver (43 anos bem vividos) e eu não consegui passar por aqui...
Que venha então 2008 com muita saúde e riqueza espiritual que o resto a gente corre atrás!!!
Carinhosamente, Val

sábado, março 15

CLOWNS











A LINGUAGEM DO CLOWN
por Gabriel Perissé

"O TEATRO INFANTIL USA DE MODO BASTANTE FREQÜENTE A LINGUAGEM DO CLOWN, MAS NO ENTANTO, POR VEZES COM UMA VISÃO UM POUCO RASA DO SIGNIFICADO DESTE PERSONAGEM "VERSO E REVERSO DA MESMA MEDALHA - O SER HUMANO" COMO DISSE FEDERICO FELLINI. ENTENDER MELHOR A COMPLEXA E RICA CONSTRUÇÃO DESTE PERSONAGEM, E A RELAÇÃO DO "BRANCO" E DO "AUGUSTO" PODE NÃO SÓ CONTRIBUIR PARA QUE OS ESPETÁCULOS APROFUNDEM SUAS ABORDAGENS MAS PARA O ENTENDIMENTO DESTAS FACETAS DO SER HUMANO.

Os clowns, personagens antigos do teatro e do circo, são caricaturas vivas do ser humano. Há diferentes tipos de clowns. Uma distinção clássica refere-se a dois tipos: o branco e o augusto. O clown augusto é o palhaço coadjuvante. É o bobão, o ingênuo, manipulado pelo clown branco, que encarna o “chefe”, o sabe-tudo.
Mas o clown branco acaba demonstrando seu lado fraco, o ridículo que habita em todos nós. E de repente o augusto surpreende, mostra-se genial, essa genialidade que também em todos nós se encontra adormecida. O clown representa a ordem rígida, o dever, e é de se destacar a coincidência de “branco” ter sido, no século XIX brasileiro, o tratamento de submissão que o sinhô recebia dos negros escravos. Subitamente, porém, nasce um Pelé.
Essa dupla, branco e augusto, pode ajudar a entender as relações sociais, e que papel cada um representa nesse cotidiano mais cotidiano, ao qual os artistas têm às vezes mais acesso do que os cientistas, assumindo os cientistas o papel de brancos, e o de augustos os artistas...
Fellini gostava de usar essa chave de interpretação. Para ele, Hitler era um clown branco. Mussolini, um augusto. Papa Pio XII, um branco. Papa João XXIII, um augusto. Freud, um branco. Jung, um augusto. O augusto é sonho, não é sério, arrisca, leva um tombo. O branco não brinca em serviço, cobra resultados, impera.
FHC é branco, Lula é augusto. O recém-falecido Enéas Ferreira Carneiro, o Dr. Enéas, era augusto (fazendo pose de branco). Paulo Maluf é branco, Jânio Quadros, augusto. Papa Bento XVI é branco, João Paulo II estava mais para augusto. Darcy Ribeiro era augusto, Antonio Candido é branco. Gilberto Freyre era augusto, José Guilherme Merquior era branco.
Vencemos o perigo do simplismo, se observarmos que há um branco escondido no augusto, e um augusto espreitando dentro do branco.
Em virtude de um desses movimentos curiosos da psiquê humana, é comum um branco virar augusto na presença de um branco mais branco — é o puxa-saco. E um augusto virar um branco chefete na presença de um augusto mais augusto. O subchefe é branco, chicoteando o augusto subalterno, mas se torna augusto quando vê o seu superior chegar.

O clown branco e o augusto são a professora e o menino, a mãe e o filho arteiro, e até se podia dizer que o anjo com a espada flamejante e o pecador. São, em suma, duas atitudes psicológicas do homem, o impulso para cima e o impulso para baixo, divididos, separados.
O filme [I Clowns] termina com as duas figuras se encontrando e desaparecendo juntas. Por que comove essa situação? Porque as duas figuras encarnam um mito que está dentro de cada um de nós – a reconciliação dos opostos, a unidade do ser.
A dose de dor que existe na guerra contínua entre o clown branco e o augusto não se deve às músicas nem a nada parecido, mas ao fato de presenciarmos a algo que se liga à nossa própria incapacidade de conciliar as duas figuras. Com efeito, quanto mais procures obrigar o augusto a tocar violino, mais dará soprinhos com o trombone. O clown branco ainda pretenderá que o augusto seja elegante. Mas quanto mais autoritária seja essa intenção, mais o outro se mostrará mal e desajeitado.
É o apólogo de uma educação que procura pôr a vida em termos ideais e abstratos. Mas Lao Tsé dizia com acerto: Quando produzas um pensamento (= clown branco), te ri dele (=clown augusto).

Outra versão do par

Neste ponto, também podia citar a famosa antítese popular chinesa entre ying e yang, o frio e o sol, a fêmea e o macho, todos os possíveis contrastes. Podia-se falar de Hegel e da dialética, acrescentar que os augustos são, mais justamente, uma imagem subproletária do pátio dos milagres, com desnutridos, disformes, marginais, capazes talvez de revoltas, não de revoluções. É provável que o povo sempre os tenha tratado com confiança por causa de sua condição miserável, sentindo-se familiar ao abismo.
Os Fratellini foram os que introduziram um terceiro personagem, o "contre-pitre", parecido ao augusto, mas que se aliava ao patrão. Era o vigarista de rua, o espião, alcagüete da polícia, o liberado a se mover nas duas zonas, a meio caminho da autoridade e do delito.
Com exceção de François Fratellini, que fazia um aéreo clown branco, cheio de graça e amabilidade, incapaz de usar o tom acre da gozação para um mais fraco, todos os clowns brancos eram homens muito duros. Diz-se que Antonet, um afamado clown branco, fora de cena nunca dirigiu a palavra a Beby, que era o seu augusto. O personagem influenciava o homem e vice-versa. Uma das regras do jogo é que o clown branco tem de ser malvado. Ele dá bofetadas.
O augusto: - Tenho sede.
O clown branco: - Tem dinheiro?
O augusto: - Não.
O clown branco: - Então não tem sede.
Outra tendência do clown branco é explorar o augusto, não apenas como objeto de burla, mas como serviçal. Neste ponto, é característico este início: - Não tens que fazer nada, eu faço tudo. – E o clown branco manda o augusto pegar as cadeiras, pondo-lhe a fela sob o traseiro.
O clown branco é um burguês, que de entrada procura surpreender com sua aparência de rico, poderoso, maravilhoso. O rosto é branco, espectral, franze as sobrancelhas, a boca é assinalada por um só traço, duro, antipático, frio, desigual. Os clowns brancos sempre competiram para ficar com o traje mais luxuoso na luta dos figurinos. Célebre foi Theodore, que possuía uma roupa para cada dia do ano.
O augusto, pelo contrário, faz um tipo único que não muda nem pode mudar de roupa. É o mendigo, o menino, o esfarrapado...
A família burguesa é uma junta de clowns brancos, em que a criança se vê relegada à condição de augusto. A mãe diz: Não faças isso, não faças aquilo... Quando se convidam os vizinhos e se pede à criança que diga uma poesia – Mostra a esses senhores como... – é uma típica situação de circo.

Ser augusto é bom para a saúde

O clown branco assusta as crianças por representar o dever ou, empregando uma palavra na moda, a repressão.
A criança se identifica de saída com o augusto, na medida em que esse se parece com um patinho feio ou um cachorro e é maltratado, e por isso quebra os pratos, se retorce no chão, se atira baldes d'água no rosto. É o que a criança gostaria de fazer e os clowns brancos, os adultos, a mãe, a tia, impedem que faça.
No circo, através do augusto, a criança pode imaginar que faz tudo o que está proibido, se vestir de mulher, armar surpresas, gritas, dizer em voz alta o que pensa.
Aqui ninguém te repreende. Pelo contrário, te aplaudem.

(...)
Minha cidadezinha se transforma num toldo

A chegada do circo durante a noite, na primeira vez que o vi, ainda criança, teve o cunho de uma aparição. Um mundo novo, não precedido por nada. Na noite anterior não existia e, na manhã seguinte, ali estava, diante da minha casa.
De saída, pensei se tratar de um barco desproporcional. Logo a invasão, pois foi isso, uma invasão, estava ligada com algo de marinho, uma pequena tribo pirata.
Então, além do medo, o fascínio pelo clown, surgido desse clima marinho, foi definitivo.
Ao clown principal, Pierino, vi na pequena fonte, no dia seguinte à estréia. Poder tocá-lo, ser ele!
Totó, seu irmão, era um clown branco pobre. Trabalhava com uma camisa, uma gravata e umas calças de fustão.
Fazer rir me pareceu algo extraordinário, uma sorte, um privilégio.
No espetáculo de domingo à tarde, sem o toldo, perto da cadeia, os presidiários gritavam atrás das grades. Totó se dirigiu duas vezes a eles. Como um clown branco, fazia outros augustos infelizes.
Daquele momento em diante, minha cidade se transformou insensivelmente num grande toldo. Sob esse estavam os augustos, junto com o prefeito e o chefe fascista local vestidos de clowns brancos.
A insatisfação que os clowns brancos traziam, também se podia achar em figuras dementes da cidade, sobretudo os augustos, mais que os clowns brancos. Essas figuras eram lembradas em casa como bichos-papões. "Se não comes o espinafre, vais ficar como o Giudizio" – dizia minha mãe.
Giudizio era justamente um augusto de circo. Um capote militar cinco ou seis vezes maior que o corpo, sapatos de borracha branca até no inverno, uma manta de cavalo nos ombros. Mas possuía sua dignidade, como o mais esfarrapado dos palhaços. Fitava um Isotta Fraschini resplendente e, com uma bagana nos lábios presa por um alfinete, afirmava: "Nem de presente, ficaria com ele."
Mas o clown branco, com seu encanto lunar, a elegância noturna, espectral, lembrava a fria autoridade de algumas monjas diretoras de asilos; ou a certos fascistas pretenciosos, com as brilhantes sedas negras, os alamares dourados, o rebenque (como a pazinha do clown), os capotões, o fez e os adornos militares, homens ainda jovens com os rostos pálidos dos capangas, dos notívagos.

(...)

O jogo do clown branco e do augusto

O mundo, não só na minha cidade, está povoado de clowns.
Quando estive em Paris para este filme, imaginei uma seqüência, que depois não rodei, em que, andando de táxi, de tanto falar nos clowns, podia-se vê-los na rua. Velhas ridículas com chapéus absurdos, mulheres com sacolas de plástico na cabeça para se proteger da chuva, chapéus e casacos que encolheram, homens de negócios com pastas típicas e um bispo, de aspeto embalsamado, sentado num auto junto ao nosso.
Se me imagino um clown, creio que sou um augusto. Mas também um clown branco ou, talvez, o diretor do circo. O médico de loucos que, por sua vez, enlouqueceu.
Continuemos a prova. Gadda era um belo augusto. Mas Piovene é um clown branco. Moravia, um augusto que desejaria ser branco. Melhor, é um Monsier Loyale, o diretor do circo, procurando conciliar as duas tendências e se manter num terreno objetivo, imparcial. Pasolini é um clown branco do tipo engraçado e sabichão. Antonioni é um augusto desses silenciosos, murchos, tristes. Parise pode ser tudo, um augusto mendigo, sempre meio bêbado, e também um clown branco impertinente, acerado, misógino, dos que esbofeteiam o augusto sem mesmo lhe dar uma explicação.
Picasso? Um augusto triunfal, presunçoso, sem complexos, que sabe fazer tudo e no fim é quem vence o clown branco. Einstein, um augusto sonhador, encantado, que não fala, mas no último instante tira, cândido, do bolso a solução do enigma proposto pelo atilado clown branco. Visconti, um clown branco de grande autoridade, cujo faustoso traje impressiona. Hitler, um clown branco. Mussolini, um augusto. Pacelli, um clown branco. Roncalli, um augusto. Freud, um clown branco. Jung, um augusto.
O jogo é tão certo que, se te vês por acaso ante um clown branco, tendes a ser um augusto, e vice-versa.
O chefe de produção da minha fita era um clown branco. Assim, os outros no convertíamos em augustos. Apenas a aparição de um clown branco mais ameaçador, o fascista, nos transformava também em clowns brancos, desde o momento em que lhe respondíamos, disciplinados, com a saudação romana.
Apenas a destrambelhada aparição de Giovannone, o augusto que assustava as camponesas lhes mostrando o membro como uma lebre morta, surpreso de conviver com esse inquilino que aceitava, nos mudava em clowns brancos quando lhe dizíamos: "Mas o que estás fazendo, Giovannone?"
Até na missa essa relação tinha lugar. Acontecia entre o sacerdote e alguns sacristães, que andavam entre os bancos da igreja interrrompendo o rito, com olhos apagados e alcoolizados, a pedir esmola."

Espio ao redor. Percebo augustos e brancos. E me volto para mim mesma e vejo: peleando e abraçados, um augusto e um branco.

E você é Branco ou Augusto ?

quarta-feira, março 12

EM BUSCA DE UMA LITERATURA INFANTIL DE QUALIDADE













EM BUSCA DE UMA LITERATURA INFANTIL DE QUALIDADE
por Léo Cunha

Introdução
Teatro e Literatura caminham sempre muito próximos, principalmente quando a ponte é o texto. Teatro é literatura. Literatura dramática. Um texto grávido de um espetáculo teatral, por isso considerado um texto intermediário que se completa no palco - ou no imaginário do leitor. Por isso o que Léo Cunha nos fala dos textos dos livros infantis se aplicam em sua totalidade ao texto teatral infantil.
carlos augusto nazareth

Mas o que vem a ser, afinal, a boa literatura infantil?

Existem hoje, no mercado brasileiro, mais de 5 mil livros catalogados como literatura infantil e mais 3 mil considerados juvenis. Além disso, centenas de novos títulos são publicados anualmente, por quase 100 editoras de todo o país. Será possível conhecer todo este acervo? Será viável? A resposta parece ser negativa, principalmente se considerarmos que várias das editoras não têm distribuição em todo o território nacional.

Mas outra pergunta parece ainda mais relevante: será preciso conhecer todos estes livros? Mais uma vez, a resposta é não. Afinal (como acontece aliás em toda e qualquer forma de arte) uma boa parte destes títulos é de qualidade discutível, em termos de qualidade literária, qualidade das ilustrações, produção gráfica, ideologia, etc... Mais importante que conhecer uma enorme quantidade de livros, portanto, é ser capaz de analisar e discutir a qualidade das obras a que se tem, efetivamente, acesso.

Mas o que vem a ser, afinal, a boa literatura infantil? É evidente que os critérios aqui apresentados têm um viés pessoal, mas, de modo geral, correspondem ao que a maioria dos teóricos vêm apontando.

a) Em primeiro lugar, o bom livro é aquele que aposta na inteligência da criança. É fundamental ter sempre em mente que a criança é menor somente em idade e tamanho. Quando se trata de inteligência, sensibilidade, criatividade, emoção, ela empata – e freqüentemente goleia – o adulto. É mais aberta e disponível para surpresas, abraça melhor as novas idéias. A menos que já tenha sido condicionada a engolir obras menos elaboradas, moralistas, ou toda esta produção em série que o mercado despeja e o adulto (pai, tio, professor) endossa.

Assim, o leitor deve desconfiar de livros que tentam explicar tudo (fatos, acontecimentos, mudanças, causas e conseqüências, etc) tim-tim por tim-tim para o leitor. Há boas chances de o autor estar duvidando da capacidade de compreensão e raciocínio da criança.

Como já foi lembrado no início deste capítulo se você achar o livro bobo, simplório, a criança quase certamente vai concordar.

b) O livro infantil deve ser Literatura – ou seja, Arte – antes de mais nada. Se um livro está mais preocupado em ensinar alguma coisa do que em contar uma história (ou tecer um poema), mau sinal. O autor deve estar confundindo Literatura com Pedagogia, com Catecismo, com Educação Moral e Cívica...

Existem muitos livros, catalogados como literatura infantil, onde a história serve de pretexto para o autor ensinar o leitor a escovar os dentes, evitar piolhos, plantar árvores, cuidar das baleias, honrar a bandeira nacional, etc e tal. É claro que todas estas atividades são dignas e nobres, mas ensiná-las não é dever do escritor. Fanny Abramovich, no livro “Literatura Infantil - gostosuras e bobices”, lembra que

"é através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Por que, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática.”

Didatismo e moralismo não combinam nem com a literatura nem mesmo com as perspectivas mais modernas da educação. O sócio-interacionismo, por exemplo, afirma que o professor não deve dar a resposta pronta ao aluno, e sim instigá-lo a encontrá-la. Além disso, na pré-escola, o professor deve brincar junto com o aluno, ser mais um na brincadeira e não chegar para resolver os conflitos, pois o aprendizado acontece através da ação e não de conselhos ou outro tipo de ensinamento disfarçado.

É automático o paralelo com o livro infantil. Ele não pode dar respostas prontas, morais-da-história. Da mesma forma, o livro deve ser fonte de prazer e descoberta, deve ser mais um na brincadeira, possibilitando à criança viajar, imaginar, refletir, criar.

O livro moralista ou com interesse pedagógico acaba se assemelhando a mais uma disciplina, mais um ensinamento, mais uma lição a ser aprendida obrigatoriamente e da maneira mais convencional.

Por outro lado, um livro não-moralista não significa um livro amoral, ou imoral. Não significa, também, que o autor deva ser omisso, ou não tenha o direito de expressar opiniões e pontos de vista. Em toda obra de arte, estará presente, inevitavelmente, a visão de mundo do artista.

c) Outra característica da boa literatura infantil é tratar a criança sem paternalismo, sem condescendência. Livros infantis recheados de inhos (a menininha bonitinha que estava brincando no parquinho...) pensam estar facilitando a leitura, tornando-a mais agradável, ou mais próxima do leitor, sem perceber que a própria criança não usa nem abusa desses expedientes.

Existem exceções, é claro, mas apenas para confirmar a regra. É o caso da linda história “A pontinha menorzinha do enfeitinho do fim do cabo da colherzinha de café”, onde Elvira Vigna usa os diminutivos reiterados com a intenção de revelar, pouco a pouco, os esforços da personagem principal para tratar de um passarinho.

O paternalismo também surge quando o livro pasteuriza uma questão difícil – seja a morte, a religião, a inveja, a ecologia, os palavrões – e a narra de maneira superficial, apresentando soluções simplistas, forçadas. Fanny Abramovich, na obra citada acima, sugere a melhor maneira de tratar qualquer assunto:

"sem medo, sem reservas, sem fugir das questões principais ou fazer de conta que não existem... Ou colocando num parágrafo – cheio de evasivas – mil explicações, às vezes até confusas ou atabalhoadas, não dando nem tempo para que a criança-leitora pense, elabore, resolva, se identifique, concorde, discorde, critique, negue, etc, a forma como tal ou qual questão está sendo explicada/proposta/vivida/ resolvida/lidada."

Já tive a oportunidade de conversar com muitos alunos e professores que leram meu livro “Pela estrada afora”, e um grande mérito que eles costumam perceber no texto é justamente a forma franca e verdadeira – mas não pesada – como tratei de temas difíceis e doloridos (a morte e o palavrão).

Não custa lembrar, ainda, que as tentativas de facilitação da história funcionam como facas de dois gumes. Livros fáceis costumam ser lidos rapidamente e esquecidos ainda mais depressa. O ecritor francês Paul Valéry repetia sempre que, em toda a sua vida, os livros que o marcaram apresentavam algum nível de dificuldade durante a leitura.

d) Nenhum livro tem obrigação de ser ousado, ou inovador. Mas, de forma geral, os melhores livros infantis, os que marcam, são aqueles que revelam uma preocupação do autor (e do ilustrador) em fugir ao óbvio, ao corriqueiro. Seja na linguagem, seja na escolha do tema, seja na estrutura narrativa, essa postura foge às fórmulas consagradas, aos modismos, e cria obras únicas.

Os modismos são uma verdadeira praga na indústria da literatura infantil. Se um livro com o tema “adolescente grávida” começa a fazer sucesso entre os jovens, várias editoras se sentem tentadas (ou mesmo obrigadas) a publicarem livros com o mesmo tema. Se a onda é “troca de correspondência”, logo surge uma enxurrada de livros do gênero. Isso se repete com os temas mais variados: separação dos pais, uso de drogas, ecologia, dinossauros, duendes, anjos, etc.

O problema é que estas fórmulas costumam se esgotar rapidamente, o interesse pelo assunto – que era efêmero – entra em baixa, é substituído por outros e, como resultado, o mercado fica abarrotado de livros menos ou mais parecidos sobre aquele tema. De modo geral, apenas uma minoria desses acaba resistindo ao tempo. Justamente os que possuem qualidade literária.

Ora, para pensar a literatura infantil como algo mais do que um produto da "indústria cultural", para considerá-la e desejá-la uma arte que crie obras razoavelmente duradouras, que alcancem alguma permanência no tempo, deve-se estar atento para estes livros cuja preocupação é claramente aproveitar um filão, entrar na onda.

Outro engano digno de nota é imaginar que a criança só se interessa por livros engraçados, divertidos. É claro que o humor facilita a aceitação de um livro, mas não pode virar receita de bolo. Na literatura infantil, mestres do humor como Sylvia Orthof, João Carlos Marinho, Edy Lima, Eva Furnari, Elvira Vigna, José Paulo Paes e Fanny Abramovich sabem que o humor, por si só, não basta: piadas são engraçadas, mas nem por isso são literatura. Uma boa história, ou um bom poema, precisam estar por trás da graça.

Por outro lado, um livro sério, profundo, tenso, ou mesmo triste, pode ser apreciado pelas crianças, mesmo que não satisfaça essa procura da criança pelo humor (ou outros desejos). Para isto, ele deve possuir outras qualidades literárias, seja a poesia, a fantasia, a ambigüidade poética, o estranhamento do óbvio. A literatura infantil brasileira tem exemplos e mais exemplos de autores que apostam freqüentemente nesta trilha: Bartolomeu Campos Queirós, Vivina de Assis Viana, Antônio Barreto, Joel Rufino, Mirna Pinsky, Sérgio Caparelli, Lino de Albergaria, Roseana Murray, Celso Sisto, Roger Mello, e outros tantos.

Este texto é um trecho do artigo “Literatura Infantil e Juvenil”, do livro “Formas e Expressões do Conhecimento”, editado pela Escola de Biblioteconomia da UFMG em 1998. Traz algumas considerações sobre os livros infantis no Brasil.

SITE OFICIAL DO ESCRITOR LEO CUNHA
http://www.leocunha.jex.com.br/

segunda-feira, março 10

NECESSITAMOS VOAR !


Para cada mulher forte cansada de aparentar debilidade,
há um homem débil cansado de parecer forte.

Para cada mulher cansada de ter que agir como tonta,
há um homem agoniado por ter que aparentar saber tudo.

Para cada mulher cansada de ser qualificada como “ser emotivo", há um homem a quem se tem negado o direito de chorar e ser “delicado”.

Para cada mulher catalogada como pouco feminina quando compete,
há um homem obrigado a competir para que não d se duvide de sua masculinidade .

Para cada mulher cansada de ser um objeto sexual,
há um homem preocupado com sua potência sexual.

Para cada mulher sem acesso a emprego ou a um salário satisfatório,
há um homem que deve assumir o sustento de outro ser humano.

Para cada mulher que desconhece os mecanismos do automóvel,
há um homem que não aprendeu os segredos da a arte de cozinhar.

Para cada mulher que dá um passo em direção à sua liberação,
há um homem que redescobre o caminho da liberdade.

A Humanidade possui duas asas:
Uma é a mulher, a outra é o homem.

Enquanto as asas não estiverem igualmente desenvolvidas.

A HUMANIDADE NÃO PODERÁ VOAR
NECESSITAMOS UMA NOVA HUMANIDADE
NECESSITAMOS VOAR !

Agora, mais do q que nunca, a causa da mulher é a causa de toda a HUMANIDADE.
B. Boutros Ghali.


Uma ótima semana!!
Val

domingo, março 9

Como conhecer o cérebro dos disléxicos

Artigo muito interessante!!!

Como conhecer o cérebro dos disléxicos - Vicente Martins
A dislexia é tema de novela da Globo. O papel de disléxica em "Duas Caras" cabe à atriz Bárbara Borges, que vive Clarissa, uma jovem que tem o sonho de ser juíza, mas sempre enfrentou dificuldades leitoras. Com o apoio da mãe, ela passará no vestibular para o curso de direito. Assim como Clarissa, os disléxicos são pessoas normais que, surpreendentemente, no período escolar, apresentam dificuldades em leitura e, em geral, problemas, também, com a ortografia e a organização da escrita. Como ajudar pais, especialmente mães, de disléxicos? O presente artigo mostra como os pais, docentes e psicopedagogos, conhecendo o cérebro dos disléxicos, poderão ajudá-los a ler e compreender o texto lido. A leitura, como sabemos, seja para disléxicos ou não, é uma habilidade complexa. Não nascemos leitores ou escritores. O módulo fonológico é o único, no genoma humano, que não se desenvolve por instinto. Realmente, precisamos aprender a ler, escrever e a grafar corretamente as palavras, mesmo porque as três habilidades lingüísticas são cultural e historicamente construídas pelo homo sapiens.
A leitura só deixa de ser complexa quando a automatizamos. Como somos diferentes, temos maneiras diferentes de reconhecer as palavras escritas e, assim, temos diferenças fundamentais no processo de aquisição de leitura durante a alfabetização. Esse automatismo leitor exige domínios na fonologia da língua materna, especialmente a consciência fonológica, isto é, a consciência de que o acesso ao léxico (palavra ou leitura) exige conhecimentos formais, sistemáticos, escolares, gramaticais e metalingüísticos do princípio alfabético do nosso sistema de escrita, que se caracteriza pela correspondência entre letras e fonemas (vogais, semivogais e consoantes). A experiência de uma alfabetização exitosa é importante para nossa educação leitora no mundo povoado de letras, literatura, poesia, imagens, ócones, símbolos, metáforas e diversidade de mídias e textos.
A compreensão do valor da leitura em nossas vidas, especialmente, na sociedade do conhecimento, é base para desmistificarmos o conceito inquietante da dislexia e do cérebro dos disléxicos. A dislexia não é doença, mas compromete o acesso ao mundo da leitura. A dislexia parece bloquear o acesso de crianças especiais à sociedade letrada. Deixa-os, então, lentas, dispersas, agressivas e em atraso escolar. Os docentes, pais e psicopedagogos que lidam com disléxicos devem seguir, então, alguns princípios ou passos para atuação eficiente com aqueles que apresentam dificuldades cognitivas na área de leitura, escrita e ortografia. Vamos descrever cada um deles a seguir.
O primeiro princípio ou passo é o de se começar pela descrição e explicação da deslexia. Uma criança com deficiência mental, por exemplo, não pode ser apontada como disléxica, porque a etiologia de sua dificuldade é orgânica, portanto, de natureza clínica e não exclusivamente cognitiva ou escolar. Claro, é verdade que um adulto, depois de um acidente vascular cerebral, poderá vir apresentar dislexia. Nesse caso, trata-se, realmente, de uma dislexia adquirida, de natureza neurolingüística e que só com o apoio médico é que podemos intervir, de forma plurisdisciplinar e, adequadamente, nesses casos.
Assim, tanto para a dislexia desenvolvimental (também chamada verdadeira porque uma criança já pode herdar tal dificuldade dos pais) como para a dislexia adquirida (surge após um AVC ou traumatismo), importante é salientar que os docentes, pais e psicopedagogos, especialmente estes últimos, conheçam melhor os fundamentos psicolingüísticos da linguagem escrita, compreendendo, assim, o processo aquisição da habilidade leitora e os processos psicológicos envolvidos na habilidade. Realmente, sem o conhecimento da arquitetura funcional, do que ocorre com o cérebro dos disléxicos, durante o processamento leitor, toda intervenção corre risco de ser inócua ou contraproducente.
Os processos leitores que ocorrem nos cérebros dos leitores, proficientes ou disléxicos, podem ser descritos através de quatro módulos cognitivos da leitura: (1) módulo perceptivo , como o nome sugere, refere-se à percepção, especialmente a visual, importante fator de dificuldade leitora; (2) módulo léxico , nesse caso, refere-se, por exemplo, ao traçado das letras e a memorização dos demais grafemas da língua (por exemplo, os sinais diacríticos como til, hífen etc.); (3) módulo sintático , este, tem a ver com a organização da estruturação da frase, a criança apresenta dificuldade de compreender como as palavras se relacionam na estrutura das frases (4) módulo semântico , este, diz respeito, pois, ao significado que traz as palavras nos seus morfemas (prefixos sufixos etc.)
Não é uma tarefa fácil conhecer o cérebro dos disléxicos. Por isso, um segundo passo é o aprofundamento dos fundamentos psicolingüísticos da lectoescrita. A abordagem psicolingüística (associando a estrutura lingüística dos textos aos estados mentais do disléxico) é um caminho precioso para o entendimento da dislexia, uma vez que apresenta as conexões existentes entre questões pertinentes ao conhecimento e uso de uma língua, tais como a do processo de aquisição de linguagem e a do processamento lingüístico, e os processos psicológicos que se supõe estarem a elas relacionados. Aqui, particularmente é bom salientar que as dificuldades lectoescritoras são específicas e bastante individualizadas, isto é, os disléxicos são incomuns, diferentes, atípicos e individualizados com relação aos demais colegas de sala de aula bem como aos sintomas manifestados durante a aquisição, desenvolvimento e processamento da linguagem escrita.
Nessas alturas, todos que atuam com os especiais devem pensar o que pode estar ocorrendo com os disléxicos em sala de aula. Os métodos de alfabetização em leitura levam em conta as diferenças individuais? Os métodos pedagógicos, com raras exceções, se propõem a ser eficientes em salas de crianças ditas normais, mas se tornam ineficientes em crianças especiais. Por isso, cabe aos docentes, em particular, e aos pais, por imperativo de acompanhamento de seus filhos, entender melhor sobre os métodos de estudos adotados nas instituições de ensino. Os métodos de alfabetização em leitura são determinantes para uma ação eficaz ou ineficaz no atendimento educacional especial aos disléxicos, disgráficos e disortográficos. A dislexia é uma dificuldade específica em leitura, e como tal, nada mais criterioso e necessário do que o entendimento claro do processo da leitura ou do entendimento da leitura em processo.
Não menos importantes do o entendimento dos métodos de leitura, adotados nas escolas, devem ser objeto de preocupação dos educadores, pais e psicopedagogos, as questões conceituais, procedimentais e atitudinais sobre a dislexia, disgrafia e disortografia. O que pensam as escolas sobre as crianças disléxicas? O que sabem seus professores e gestores educacionais sobre dislexia? Mais do que simples rótulos das dificuldades de aprendizagem da linguagem escrita, a dislexia é uma síndrome ou dificuldade revestida de conceitos lingüísticos, psicolingüísticos, psicológicos, neurológicos e neurolingüísticos fundamentais para os que vão atuar com crianças com necessidades educacionais especiais. Reforça-se, ainda, essa necessidade de compreender, realmente, o aspecto pluridisciplinar da dislexia, posto que muitas vezes, é imperiosa a interlocução com outros profissionais que cuidam das crianças, como neuropediatras, pediatras, psicólogos escolares e os próprios pais das crianças.
Na maioria dos casos de dislexia, disgrafia e disortografia, a abordagem mais eficaz no atendimento aos educandos é a psicopedagógica (ou psicolingüística, para os lingüistas clínicos) em que o profissional que irá lidar com as dificuldades das crianças aplicará à sua prática educacional aportes teórico-práticos da psicopedagogia clínica ou institucional aliados à pedagogia e à psicologia cognitiva e à psicologia da educação. São os psicolingüistas que se voltam para a explicação da dislexia e suas dificuldades correlatas (disgrafia, dislexias). Hipóteses como déficits de memória e do princípio alfabético (fonológico) são apontados, pelos psicolingüistas, como as principais causas da dislexia.
O terceiro passo para os que querem entender mais sobre dislexia é dar especial atenção à avaliação das dificuldades lectoescritoras. A avaliação deve ser trabalhada como ato ou processo de coletar dados a fim de se melhor entender os pontos fortes e fracos do aprendizado da leitura, escrita e ortografia dos disléxicos, disgráficos e disortográficos. Enfim, atenção dos psicopedagogos deve dirigir-se à avaliação das dificuldades em aquisição da linguagem escrita. Nesse sentido, um caminho seguro para a avaliação da dislexia, disgrafia e disortografia é pela via do reconhecimento da palavra. O reconhecimento da palavra começa pela identificação visual da palavra escrita. Depois do reconhecimento da palavra escrita, deve ser feita avaliação da compreensão leitora, especialmente no tocante à inferência textual, de modo que levando a efeito tais procedimentos, ficarão mais explícitas as duas etapas fundamentais da leitura e de suas dificuldades: decodificação e compreensão leitoras.
O quarto e último passo para o desenvolvimento de estratégias de intervenção nos educandos com necessidades educacionais especiais em leitura, disgrafia e disortografia é o de observar qual dos módulos (perceptivo, léxico etc.) está apresentando déficit no processamento da informação durante a leitura. Portanto, é entendermos como o cérebro dos disléxicos funciona durante o ato leitor . Neste quarto passo, é imprescindível um recorte das dificuldades leitoras. A dislexia não é uma dificuldade generalizada de leitura, ou seja, não envolve todos os módulos do processo leitor.
Descoberto o módulo que traz carência leitora, através de testes simples como ditado de palavras familiares e não-familiares, leitura em voz alta, questões sobre compreensão literal ou inferência textual, será mais fácil para os psicopedagogos, por exemplo, atuar para compensar ou sanar, definitivamente, as dificuldades leitoras que envolvem, por exemplo, aspectos fonológicos da decodificação leitora e da codificação escritora: o princípio alfabético da língua materna, isto é, a correspondência letra-fonema ou a correspondência fonema-letra.
Se o que está afetado refere-se ao campo da compreensão, os psicopedagogos poderão propor atividades com conhecimentos prévios para explorar a memória de longo prazo dos disléxicos que se baseia no conhecimento da língua, do assunto e do mundo (cosmovisão). Quando estamos diante de crianças disléxicas com as dificuldades relacionadas com a compreensão estamos, decerto, diante de casos de leitores com hiperlexia, parafasia, paralexia ou, se estão, também, superpostas dificuldades em escrita, ao certo, estaremos diante de escritores também hiperlexia, parafasia, paragrafia, termos clínicos, mas uma vez explicados, iluminarão os psicopedagogos que atuam com disléxicos e disgráficos. A paralexia é dificuldade de leitura provocada pela troca de sílabas ou palavras que passam a formar combinações sem sentido. A parafasia é distúrbio da linguagem que se caracteriza pela substituição de certas palavras por outras ou por vocábulos inexistentes na língua. A ciência e a terminologia, realmente, apontam, mais, claramente, as raízes dos problemas ou dificuldades na leitura, escrita e ortografia.