"Tenta te orientar pelo calendário das flores, esquece por um momento os números, a semana, o dia do teu nascimento. Se conseguires ser leve, aproveite, enche tuas malas de sonho e toma carona no vento."

Fernando Campanella

sexta-feira, julho 25

"Só de sacanagem" by Elisa Lucinda

Maravilhoso texto, de Elisa Lucinda,deve ser divulgado em homenagem à todos aqueles que ainda têm a capacidade de indignação!
E “ SÓ DE SACANAGEM”, vou também continuar honesta!!
Abraços, Val












Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!
Elisa Lucinda

terça-feira, julho 22

Educação ambiental

Recebi o boletim da Revista Sustentabilidade, nele um artigo que com certeza, serve para nós educadores que queremos sair da mesmice de currículos engessados norteados por princípios e valores que se apresentam como verdades estabelecidas e imutáveis!!!
Um bj, Val


De professor para professor: o desafio da transversalidade da educação ambiental
por Dayane Cunha 21/07/2008


O olhar do professor é um olhar qualificado que busca sempre a transmissão de informações e valores. Este é o cerne de todo planejamento educacional. Já o jornalista especializa-se na transmissão de informação, não sempre desprovida de valores ou ideologias.
O encontro destas duas profissões, portanto, abre um grande potencial, pois as técnicas são diferentes. E já que antes de entrar para o jornalismo fui professora, o antigo ofício me ajudou numa entrevista com uma educadora ambiental para a Revista Sustentabilidade.
Assim, entendendo as motivações e os desafios do professor, percebo que trabalhar a educação ambiental nas escolas é muito mais que pintar desenhos em comemoração ao dia da árvore, plantar um feijão num copo descartável ou fazer um brinquedo de sucata. Para a professora Bere Gehlen Adams, educação ambiental deve ser encarada como um elo entre todas as disciplinas para preencher uma lacuna e valorizar o meio ambiente, e portanto, a vida.
Esta colocação trouxe à tona minha experiência como professora, quando tentei trabalhar o tema com meus alunos de educação infantil.
As conversas duraram duas semanas, pois tentávamos, a cada troca de e-mail, destrinchar como funcionaria uma programação e como um professor pode começar a desenvolver o tema de educação ambiental em sua aula de aula.

Leia abaixo os principais trechos da conversa.

Revista Sustentabilidade: Conte um pouquinho da sua rotina diária e a rotina de um professor ambiental.




Professora na hora do conto-fonte Revista Sustentabilidade-


Bere Gehlen Adams: Normalmente, pela manhã, acesso o site para ler os recados que são minha fonte de inspiração para prosseguir nesta jornada, que às vezes é um tanto árduo pelas dificuldades em conseguir verbas e parcerias. Para minha rotina, que é um tanto flexível, tenho um cronograma e estabeleço metas de acordo com este cronograma. Nas semanas anteriores, por exemplo, trabalhei intensamente na ampliação de uma coleção infantil voltada para crianças, desde o texto, ilustrações, atividades, editoração até a formatação; na atualização do site do Projeto, na programação da revista eletrônica que está em sua 24ª edição (www.revistaea.org). Então, divido meu tempo entre atividades com a editora e com o projeto.

Revista Sustentabilidade: Como introduzir educação ambiental na educação formal? Virar disciplina obrigatória seria a solução?

Adams: A lei 9795 que institui a educação ambiental no Brasil é clara e coerente com os princípios da educação ambiental delimitados por diferentes coletivos através de conferências internacionais como a Conferência de Tbilisi, a de Belgrado, a Eco-92, que prioriza sua prática como interdisciplinar e orienta a sua inclusão em todas as séries do ensino formal, portanto, desde a educação infantil ao ensino superior.

Revista Sustentabilidade: A interdisciplinaridade tem funcionado?

Adams: Infelizmente esta prática ainda não é efetivada, e muitas escolas optam por engessar a educação ambiental em uma disciplina separada, quando ela deveria estar em todas. Essa questão é muito debatida entre educadores ambientais. Muitos são a favor da criação da disciplina, pois desta forma ela acontece com um professor responsável, uma grade de temática a ser seguida - os famosos conteúdos curriculares - . Na forma interdisciplinar a educação corre o risco de não se efetivar, pois como é de responsabilidade de todos, é de responsabilidade de ninguém ao mesmo tempo.

Revista Sustentabilidade: Por que esta confusão?

Adams: Por desconhecimento dos princípios da educação ambiental contidos nos principais documentos referência que são: O Tratado de Educação Ambiental para Sociedade Sustentavel e Responsabilidade Global, a Carta da Terra e a Lei 9795, entre outros. É preciso promover a capacitação dos profissionais da educação para que tenham suporte teórico, didático e metodológico para a inclusão da educação ambiental na educação formal. [Os educadores] só não praticam a educação ambiental porque sentem falta de referências e de orientação.

Revista Sustentabilidade: Como deve ser o preparo dos professores em educação ambiental?

Adams: Os professores devem participar de atividades que os sensibilizem para a necessidade de uma mudança de postura em relação aos nossos costumes e hábitos e devem ter conhecimento dos documentos que citei anteriormente. Por isto a educação ambiental não é uma tarefa fácil, pois todo educador deverá mudar, passando a enxergar o mundo de forma diferente, e este é o maior desafio que a educação ambiental tem pela frente. Neste sentido a revista eletrônica Educação Ambiental em Ação, do Projeto Apoema, dá um enorme contribuição aos educadores. Também almejamos futuramente fazer uma versão impressa da revista, para alcançar pessoas que são excluídas do universo digital.

Revista Sustentabilidade: Quais os temas que devem ser tratados em educação ambiental? Como trabalhar a interdisciplinaridade? Pode citar um exemplo?

Adams: Depois de conhecidos os princípios e as bases da educação ambiental, sugiro para o professor da educação Infantil ou das séries iniciais do ensino fundamental que faça uma atividade exploratória com as crianças para descobrir o que mais desperta a curiosidade e o interesse delas sobre as questões ambientais. Pode ser através de brincadeiras com imagens, listagens de palavras, alguma história infantil, vai depender da criatividade do docente. Depois de descobrir a temática de interesse, sugiro elaborar um projeto propondo atividades variadas, explorando ao máximo o tema.

Revista Sustentabilidade: Cite alguns exemplos.

Adams: Por exemplo, se o tema for animais, o professor poderá planejar atividades envolvendo animais do bairro, animais de estimação, animais em extinção, animais grandes e pequenos, necessidades dos animais, importância dos animais para o ambiente, necessidades físicas dos animais, cuidado com os animais, classificação dos animais e por aí vai.
É importante abordar as temáticas e desenvolver projetos associando à quatro enfoques: ambiente (A relação do ambiente com a temática abordada e vice-versa), ecologia (as inter-relações que a temática envolve e necessidades vitais), preservação (relação da temática com a preservação) e reciclagem (relação da temática envolve reciclagem) procurando associar as temáticas de interesse que estão sendo trabalhadas a estes enfoques que possibilitarão uma série de associações dos processos de aprendizagem.
Estas atividades podem envolver todas as disciplinas e assim a educação ambiental vai sendo implantada aos poucos, de forma interdisciplinar. O professor atento perceberá o momento em que o assunto estiver esgotando a curiosidade das crianças, que indicarão interesse por outra questão, por exemplo, árvores, ou brinquedos. Aí ele poderá seguir o mesmo processo anterior.

Revista Sustentabilidade: E professores do Ciclo II do ensino fundamental e de ensino médio?

Adams: Se for um professor de disciplina específica, sugiro que estude a sua grade de conteúdos e veja onde poderá inserir os enfoques ambientais. Em português, por exemplo, as atividades podem ser relacionados ao meio ambiente: criar poemas, elaborar redações, criar histórias que remetam a importância do cuidado, da preservação.
Ou em geografia, o professor pode explorar as temáticas ambientais de distintas regiões, trabalhar ambiente natural e ambiente construído, enfatizando que tudo é meio ambiente, e não somente a natureza,. Além disso, é possível trazer assuntos como o estado dos rios do Brasil ou da cidade, a vegetação, a fauna, a flora, etc. E assim para as demais disciplinas.
Sempre digo que a educação ambiental funciona como um óculos, pois o nosso atual sistema de educação está míope, e a educação ambiental vem para corrigir essa distorção de ótica. Passamos a enxergar mais a vida em seu amplo contexto de relações através das lentes da educação ambiental.

Revista Sustentabilidade: Quando se fala em meio ambiente, as pessoas pensam em florestas, longe do ambiente em que vivem. Como mudar esta visão e mostrar que educação ambiental é educar para melhorar o ambiente em que se vive?

Adams: Trabalhar com a educação ambiental é trabalhar com o contraditório, e por isto é tão difícil de compreendê-la na sua prática. Mas é bem mais simples do que parece. Para tirar essa noção de que meio ambiente é algo fora de nós, ou simplesmente uma paisagem natural, com rios límpidos e florestas verdejantes, é importante desenvolver atividades com as crianças em espaços diversos, jardins, parques, museus, até shopping centers, se fizer parte da realidade das crianças, e utilizar estes espaços como Estruturas Educadoras.
Há uma linha teórica sobre este assunto, que aborda a educação ambiental numa simples volta na quadra da escola, ou mesmo dentro das dependências do ambiente educacional, pois tudo é ambiente, com a diferença que pode ser natural ou construído, e, em sendo construído, foi construído com elementos do ambiente.

Revista Sustentabilidade: Como assim?

Adams: Podemos exemplificar com uma escada de pedra que tenha um corrimão de madeira. Nossa! Dá para trabalhar muitas coisas, como: de onde vem aquelas pedras e aquela madeira? Quem as transformou? Aí entra o pedreiro e o marceneiro, [representando as] profissões. E quantos degraus tem essa escada? Quantas pedras tem nessa escada, que podemos contar? Aí entra matemática. E assim como a escada serviu como estrutura educadora, assim também temos inúmeros outros espaços que podem ser explorados incluindo sempre o enfoque ambiental. E outra coisa importante a salientar é que o professor não precisa ser biólogo, cientista, agrônomo, ele não precisa saber tudo sobre meio ambiente, pois vai aprender junto com seus alunos.

Revista Sustentabilidade: Qual seu conselho para o professor que deseja trabalhar com educação ambiental?

Adams: Um professor curioso e interessado também é fundamental para todo processo de aprendizagem. E é desta forma, educando diferente, inclusive conversando sobre as contrariedades que vivenciamos como a questão da separação do lixo e da falta da coleta seletiva.
É importante saber primeiro o que eu posso fazer para melhorar o meu relacionamento com o meio ambiente, pois esta mudança deve ser espontânea, e não deve ocorrer pela crítica ou pelo dedo apontado aos outros que ainda não se sensibilizaram para a importância de cuidar do meio ambiente.
É desta forma que os educadores podem oferecer para as crianças uma nova visão de mundo, lembrando que para nós adultos, é bem mais difícil, porque temos que primeiro desaprender tudo o que aprendemos, para reaprender a ler o mundo de forma interdisciplinar. Só então perceberemos que tudo está relacionado entre si, e que dependemos uns dos outros para viver.

segunda-feira, julho 14

Toda Mafalda

"Toda Mafalda
Quadrinhos críticos, charmosos e engraçados"




"Mafalda é um dos personagens mais ricos e interessantes das histórias em quadrinhos. Desconhecida da atual geração de leitores, essa menininha argentina e toda a sua turma foram criadas, nos anos 1960, por Quino, quadrinista portenho famoso em todo o mundo. O contexto em que foi criada explica, em parte, uma das peculiaridades dessa impressionante coleção de tiras publicadas em jornais e que foram editadas em vários livros, inclusive numa coletânea conhecida como “Toda Mafalda”.

Filhos da contracultura, de uma época de rebeldia e crítica, de busca incessante pela autonomia e também de posicionamentos políticos idealistas em favor de alternativas viáveis ao capitalismo, Mafalda e os demais personagens de Quino carregam em suas histórias todo o inconformismo daquela geração de pessoas.

Se não bastasse isso, toda a turma da Mafalda nasceu na Argentina, país vizinho em relação ao qual cultivamos certas rivalidades, mas que certamente possui uma população culturalmente bem formada, politicamente engajada e, além do mais, esclarecida o suficiente para sempre manifestar suas insatisfações, seus sonhos e seus objetivos.

Percebemos isso, por exemplo, quando Mafalda se debruça sobre o mapa do mundo, visualiza os países, nota a diferença de cores utilizadas para representar cada uma das nações e o seu comportamento não é o de aceitar passivamente a informação que lhe é apresentada. Ela percebe as tonalidades, a beleza das cores e também é capaz de manifestar a sua indignação por saber que todo o colorido do mapa nada tem a ver com as intenções dos países.










Suas histórias curtas são tão surpreendentes e precoces em certas temáticas e idéias que quando observamos atentamente as tiras conseguimos notar preocupações como a questão ambiental. Num de seus quadrinhos a menina encontra o pai e lhe pergunta sobre as pilhas para o rádio da família. Depois de pegar as pilhas ela se encaminha para o aparelho, substitui as velhas por novas baterias e depois contempla o resíduo de sua substituição de forma pensativa. Ao final conclui: “O que devemos fazer com o cadáver da outra?”.

É basicamente o que nos perguntamos atualmente quanto ao lixo produzido em nossas cidades. Quantidades cada vez maiores de plásticos, vidros, madeiras, metais, restos de alimentos e tantos outros entulhos são depositados diariamente na porta de nossas casas, em latas de lixo ou caixas. Para onde vai tudo isso? O que é feito do lixo? Não daria para criar programas de reciclagem em larga escala? Não contaminamos o solo ao enterrar todo esse material jogado fora?

As frustrações do cotidiano também surgem como temática presente nas tiras de Quino e demonstram as nossas insatisfações e decepções a nos colocar em situações de stress e desgaste que poderiam ser contornados ou superados se fôssemos apenas um pouco mais pacientes e/ou compreensivos. É também uma antecipação de um dos grandes males que vivemos desde as duas últimas décadas do século XX, ou seja, a submissão à velocidade em nossas vidas a provocar doenças e psicoses muitas vezes incuráveis.

Mafalda pensa consigo mesma que “Parece que hoje é um desses dias em que a gente entra na vida pela porta dos fundos” ao perceber que pelas ruas há pessoas mendigando, agitação e brigas no trânsito, nervosismo e palavrões nas atitudes e falas dos cidadãos ao final de um simples passeio feito por ela pelas ruas de sua cidade.




Como dizem os profetas do apocalipse, de boas intenções o inferno já está cheio. Não basta simplesmente pensar ou falar de forma a proferir os melhores princípios e a ética sonhada pela sociedade, é necessário agir nesse sentido, realizar transformações que efetivem uma prática mais solidária, responsável, respeitável e digna. Mafalda apenas expressa através de seus quadrinhos que devemos repensar o mundo, o cotidiano e as relações que aqui estabelecemos...

Temas polêmicos, como o racismo, constituem assuntos recorrentes nos encontros da turminha de crianças argentinas criadas por Quino. Numa conversa com Susanita a respeito da gravidez de sua mãe, Mafalda é identificada como defensora dos direitos civis e da igualdade social por sua amiga e, depois é inquirida sobre a possibilidade de ter um irmãozinho negro.

Os comentários de Susanita são sempre pueris e no sentido desse nascimento como sendo uma expressão democrática. Mafalda apenas escuta enquanto seu pai espreita o bate-papo das duas meninas. Depois da afirmação da possibilidade de ter um filho negrinho aparece Susanita com um cesto de lixo na cabeça a afirmar: “Puxa, mas o que foi que deu no seu pai?”.

A inocência da infância se contrapõe a uma discussão que gera grande debate ainda hoje. A amiga de Mafalda, desconhecedora dos caminhos da fecundação e os laços de intimidade relacionados a tal encontro nem imagina que tenha ofendido a honra do pai de Mafalda. Susanita apenas pensava estar levantando uma hipótese válida e interessante no sentido da tolerância e respeito a diversidade étnica...




Até mesmo a escola é fruto da reflexão da esperta e atenta niña portenha. Numa de suas aulas, ao ser chamada à frente para conjugar o verbo confiar no tempo presente, Mafalda se mostra preparada e realiza a tarefa totalmente de acordo com o que se espera. Enquanto isso a professora, sentada em sua cadeira, tendo ao fundo a lousa, presta atenção ao desempenho de sua aluna. Quando termina o exercício, Mafalda se volta para a professora e a surpreende com a afirmação: “Como somos ingênuos, não?”.

Tanta confiança por parte de todos os mencionados em sua tarefa despertou uma reação de perplexidade e até de indignação em Mafalda. Por que confiamos tanto? Temos motivos para agir dessa forma? Somos respeitados plenamente em nossos direitos? Como podemos explicar as desigualdades? De que forma podemos justificar a pobreza e as exclusões? Essas são apenas algumas das perguntas que poderiam estar passando pela cabeça da personagem na alusão criada por Quino...

E as nossas crianças? E os nossos alunos? Possuem senso crítico? Buscam maior esclarecimento? Questionam o mundo em que vivem? Ou são apenas acomodados e alienados a cumprir as horas que lhes foram concedidas pela graça divina?

E se ampliarmos a pergunta e questionarmos a escola e não apenas os estudantes sobre a necessidade de maior participação, posicionamento político e criticidade? Será que os professores estão fazendo a sua parte ou apenas batem o cartão de ponto, dão aulas que pouco ou nada acrescentam e apenas esperam o pagamento no final do mês? O que estamos fazendo em sala de aula é representativo para nossos alunos e para a sociedade?

Apesar de todos esses temas e muitos outros que instigam e provocam os leitores a pensar e repensar o mundo em que vivem, as tiras de Mafalda são também pródigas em ternura e carinho tanto no âmbito familiar quanto entre os amigos. Em nosso atual contexto de vida, em que as pessoas pouco se doam ou fazem em prol do próximo, são também importantes essas lições extraídas do contexto familiar e de amizades da personagem.




Numa de minhas tiras preferidas a pequena Mafalda levanta-se de sua cama e vai ao banheiro atrás de seu pai que está fazendo a barba. Ao encontrá-lo, a menina lhe deseja um bom dia e o felicita por sua juventude e beleza dando-lhe um caloroso beijo no rosto ainda não barbeado. Surpreso e maravilhado com o gesto da filha, o pai aparece num outro quadrinho, no ônibus, ao lado de um atônito passageiro, com o lado do rosto em que foi beijado pela filha sem barbear enquanto o resto de sua face está limpa...

Aparente brincadeira de criança, a leitura de histórias em quadrinhos pode muito bem nos levar a sérias e importantes reflexões sobre o mundo em que vivemos. O mais interessante em tudo isso é que ao mesmo tempo em que aprendemos e nos conscientizamos podemos nos divertir e rir de nossos descaminhos e imperfeições. Há muitas situações com as quais acabamos nos identificando por parecerem demais com o que acontece em nossas próprias casas..."

João Luís Almeida Machado Editor do Portal Planeta Educação

Vale a pena conferir Toda Mafalda, eu já tenho a minha e você?
Uma boa semana cheia de insights!!!
Val